A energia hidrelétrica ajuda a combater a mudança climática?

Sim. Diferentemente das centrais elétricas que obtêm energia da combustão de carvão, petróleo ou gás, as centrais hidrelétricas não emitem gases que alteram o clima e que contribuem a gerar efeito estufa. Levando em conta o ciclo de vida completo de uma usina, a quantidade de CO2 produzida por quilowatt/hora de energia gerada é entre 35 e 70 vezes inferior em relação ao uso das fontes fósseis, e evita-se a emissão de mais de 500 gramas de dióxido de carbono. De acordo com a Agência internacional da energia (IEA), em 2022 foram produzidos a nível global 4.306 terawatts/hora de energia hidrelétrica, com uma economia de CO2 que chega a superar os 2 bilhões de toneladas por ano, sem contar o benefício em termos de redução de consumo de água se comparado com as usinas movidas a combustíveis fósseis que utilizam enormes volumes de água para o resfriamento. A International Renewable Energy Agency (Agência Internacional de Energia Renovável - IRENA) estima que nas próximas décadas a tendência da capacidade instalada e da potência gerada será de crescimento lento, mas inexorável, com um aumento total de 50% em trinta anos. A energia hidrelétrica será, portanto, capaz de reduzir as emissões de CO2 em cerca de um décimo do necessário para atingir a meta climática fixada pelo Acordo de Paris: papel fundamental também reconhecido pelas Nações Unidas.

Os investimentos em tecnologia hidrelétrica estão aumentando?

A potência hidrelétrica instalada continua crescendo de maneira constante, embora num ritmo menos acelerado do que outras energias verdes. Em termos de investimentos, existem diferenças importantes entre os vários países: em toda a América e a Europa não existem previsões de crescimento significativo durante os anos 20 – pelo contrário, é considerada possível uma certa estagnação ou uma leve contração – enquanto que a impulsionar o setor hidrelétrico será principalmente a China, mas também o Oriente Médio, muitos países africanos e outras economias emergentes. Em termos de potência instalada, prevê-se um crescimento constante entre os 20 e os 30 gigawatts/hora por ano até 2030, marcando um aumento da energia anual efetivamente produzida de 700 terawatts/hora na primeira metade dos anos vinte, e de outros 700 na segunda metade. Mesmo que a importância relativa da energia hidrelétrica possa diminuir nos próximos anos, devido ao aumento da energia solar fotovoltaica e principalmente da energia eólica, seu papel continua sendo decisivo: quase 60% da energia verde do mundo é gerada (com base em dados IEA 2020) por centrais hidrelétricas. Por fim, nos próximos anos são previstos importantes investimentos para a modernização das usinas, com vantagens em termos de eficiência, também graças aos serviços de balanceamento da rede, sempre mais necessários quando a quota de produção das fontes não programáveis aumenta.

A hidrelétrica ajuda as economias rurais?

A séculos energia da água impulsiona o desenvolvimento das comunidades, desde quando foi utilizada para movimentar moinhos. Tanto a IRENA, quanto o Banco mundial continuam reconhecendo e reafirmando o papel decisivo da hidrelétrica para o desenvolvimento das economias locais e rurais. No caso das grandes centrais, os benefícios chegam também a nível de empregos, e em todo caso se tem a disposição uma fonte de energia abundante e adaptável às necessidades que permite aproximar-se do objetivo da autossuficiência energética. Usinas pequenas, adequadas para áreas mais remotas ou para realidades em contextos menos industrializados, representam uma oportunidade fundamental para apoiar o crescimento econômico local. Conforme emergiu de algumas publicações científicas, a ajuda às economias rurais só pode se concretizar se houver um planejamento adequado das plantas, não tanto no sentido técnico, quanto do ponto de vista do envolvimento de todos os parceiros. Além disso, as usinas hidrelétricas, também possibilitam o aproveitamento das águas canalizadas para o uso potável ou para irrigar terrenos, adicionando outras vantagens àquelas do abastecimento energético.

A energia hidrelétrica cria novos empregos?

Sim, ela cria muitos empregos no mundo todo: de acordo com a Agência Internacional das Energias Renováveis (International Renewable Energy Agency - IRENA), por exemplo, já no começo dos anos 20 deste século o número de operadores empregados no setor hidrelétrico era próximo aos 2 milhões, menos do que no solar fotovoltaico, mas muito mais do que no eólico e no geotérmico. De acordo com as projeções da mesma agência, em 2030 os empregados no setor hidrelétrico a nível global chegarão a 3,8 milhões, estabilizando-se depois nos próximos vinte anos: em 2050, de fato, fala-se de 3,6 milhões de trabalhadores no setor hidrelétrico, contra 2 no eólico e 11,9 no solar. A tudo isso somam-se ainda os empregos indiretos: o governo dos EUA, por exemplo, prevê que, entre 2020 e 2025, serão criados no país, de 140 mil a 400 mil novos empregos diretos– com pessoas empregadas nas centrais – aos quais adicionar outros 100 ou 200 mil empregos gerados pelo restante da cadeia de suprimento e pelos serviços relacionados.

Quais são as vantagens criadas no território por uma usina hidrelétrica?

São muitos e diferentes os benefícios que um território pode desfrutar graças à presença de centrais hidrelétricas. Primeiramente existem vantagens para a economia, tanto em termos de ocupação ao longo de toda a cadeia, como do induzido, serviços auxiliares gerados e garantidos pelas várias fases do projeto: desde o planejamento inicial até o exercício e a manutenção das usinas, passando obviamente pela fase de construção ou renovação. No mais, como acontece com outras energias verdes, a hidrelétrica permite reduzir as importações de energia, com a vantagem adicional da regulação do fluxo da água (e consequentemente a produção de eletricidade) de acordo com a demanda. Não só isso: graças aos cursos d’água contidos dentro dos reservatórios pré-estabelecidos, as centrais hidrelétricas representam uma forma de evitar inundações e recuperar áreas pantanosas. Além disso as bacias de armazenamento podem funcionar como reservas hídricas para os períodos de seca, ajudando assim a agricultura a jusante, bem como levar ao enriquecimento da vegetação em correspondência do mesmo acúmulo, que por sua vez atrai mais animais e favorece o povoamento da área. Enfim, as centrais retêm galhos e árvores, garantindo a limpeza dos cursos d’água e uma melhor navegabilidade.

Há energia hidrelétrica suficiente para todos?

As gigantescas massas d’água que se encontram nas grandes altitudes carregam consigo uma quantidade notável de energia potencial gravitacional e explorar apenas uma pequena parte dela permitiria uma abundância de energia disponível. Uma única central hidrelétrica de grandes dimensões pode ser suficiente para atender plenamente as necessidades energéticas de milhões de pessoas. Quase em todos os lugares do mundo existem cursos d’água que podem ser utilizados para a produção de energia hidrelétrica, e em alguns deles, a conformação do território e a disponibilidade hídrica determinam a presença de um enorme potencial. Em 2020, o total da potência hidrelétrica instalada no mundo alcançou a quota de 18 GW, atingindo assim um total de mais de 1200 GW, mas as possibilidades de crescimento ainda são muito grandes, principalmente em países onde a energia hidrelétrica tem sido, até agora, pouco explorada.

A energia hidrelétrica depende da disponibilidade de água: é um problema?

Diante de uma disponibilidade hídrica que pode variar no tempo, representando uma criticidade potencial, as centrais hidrelétricas estão se tornando cada vez mais flexíveis: atualmente, em poucos minutos até uma grande usina pode passar de parada à potência máxima e vice-versa. A variabilidade meteorológica e climática pode, portanto, ser compensada graças aos reservatórios de armazenamento de água em altitude, como as barragens. O que é potencialmente uma desvantagem torna-se então um ponto forte: o fluxo de água pode ser facilmente controlado com base nas necessidades de energia. E graças a inovações mais específicas, como otimização dos fluxos, é possível bombear novamente a água até grandes altitudes, para ter energia pronta e à disposição quando for necessário. Isso vale tanto no curto prazo, por exemplo dependendo das faixas horárias do dia, quanto em escalas de tempo mais longas, como nas variações sazonais ou nos períodos de seca. A rede elétrica já gerencia a variabilidade com base na demanda dos clientes, que muda ao longo do dia e de um dia para outro, e, ainda por cima, pode-se contar com diferentes fontes de abastecimento baseadas em programas de resposta à demanda (DR) e em sofisticados controles eletrônicos. Enfim, os progressos na estocagem da energia permitem mitigar a intermitência das renováveis sem necessidade de queimar combustíveis fósseis.

A energia hidrelétrica recebe incentivos energéticos?

Todas as formas de energia, incluindo petróleo, gás, carvão, nuclear e renováveis, recebem ou podem receber incentivos públicos. Em média, os combustíveis fósseis receberam muito mais incentivos do que as renováveis. Entre 1950 e 2016, de acordo com o Nuclear Energy Institute, (Instituto de Energia Nuclear), 70% de todos os subsídios energéticos foi para os combustíveis fósseis na forma de créditos fiscais e outros programas, enquanto apenas 17% recompensou energias verdes como solar, eólica e geotérmica: a hidrelétrica recebeu 10% do financiamento total, mas três quartos dos recursos não eram incentivos reais, quanto simples investimentos estatais para a construção das centrais.

Quanto tempo leva para uma usina hidrelétrica compensar o CO2 emitido durante sua realizaçã0?

O tempo exato depende das características das usinas e da potência instalada, mas se trata, mesmo assim, de alguns anos. Construir uma central hidrelétrica, exceto nas áreas áridas, é sempre muito conveniente: foi estimado que, já 10 anos depois da instalação, não tenha comparação em relação às fontes fósseis, e que depois de 50 anos de funcionamento a energia hidrelétrica gerada envolva emissões totais de apenas 13,6 gramas de CO2 por quilowatt/hora, que diminuem a seguir para 8,1 gramas, depois de outro meio século. Para fazer uma comparação, para a combustão do gás natural a média no começo dos anos 10 era de 469 gramas por quilowatt/hora, para o petróleo, 840 e para o carvão até mesmo 1.001.

Qual é a vida média de uma usina hidrelétrica?

No caso das centrais hidrelétricas, raramente se fala em desmantelamento total, quanto sobretudo em modernização de estruturas como barragens e dutos. Os elementos que precisam ser trocados com mais frequência são as turbinas hidráulicas que operam como geradores, transformando energia da água em eletricidade: a vida útil destas peças varia entre 40 e 80 anos, mas às vezes podem ser substituídas antecipadamente, se novas tecnologias mais eficientes aparecem. Algumas grandes centrais hidrelétricas já têm mais de 120 anos de vida e ainda funcionam plenamente. Em outros casos, porém, são as mudanças climáticas, com o aumento da seca ou a diminuição da disponibilidade hídrica a determinar o fechamento das usinas.

Nas centrais hidrelétricas os materiais são reciclados?

Sim. Quase tudo o que é utilizado na fase da construção pode ser recuperado ou reciclado quando se chega ao fim da sua vida útil. Além disso, um esforço coletivo está atualmente em andamento para o avanço de soluções que aumentem cada vez mais a quantidade de materiais recuperáveis, inclusive aqueles utilizados no canteiro de obras e que hoje já são quase totalmente reciclados. O desafio mais importante na circularidade dos processos do setor hidrelétrico tem a ver com à fase de desmantelamento. Como também recomendado até pelas instituições, é importante remover completamente as instalações ineficientes ou obsoletas do sistema fluvial, recuperando o bom estado ecológico do rio. Hoje a fase de desmantelamento é, de fato, avaliada desde o projeto inicial, inclusive o efeito das infraestruturas associadas, como estradas de acesso, tubulações ou linhas elétricas de conexão. Por fim, no que se refere a reciclagem e reaproveitamento, é importante ressaltar que não há desperdício nenhum ou consumo de água na fase de geração de energia, pois a água escorre sem ser contaminada e sem se tornar inutilizável.

Quanto tempo leva para recupera o investimento inicial?

A quantificação exata também depende de eventuais incentivos e, sobretudo, do tamanho da usina, mas em todos os casos se fala de um tempo muito inferior em relação ao tempo de vida da mesma. Se menos de dez anos são suficientes para as centrais menores, para as maiores pode precisar até 15-20 anos. O investimento inicial, em todo caso, é fartamente recuperado: realizadas as barragens, construídas as centrais e instaladas as turbinas, a manutenção necessária é mínima, e mesmo as despesas para manter as centrais em função são, de fato, inexistentes.

A hidrelétrica é conveniente?

A energia da água está presente em quase toda a superfície da Terra, e a transformação desta energia em eletricidade já atingiu níveis extraordinários de desempenho, com eficiências que chegam e ultrapassam 80%. Graças às inovações tecnológicas e à digitalização, os desperdícios de energia são, ainda por cima, cada vez mais reduzidos. Embora o investimento inicial para a construção de uma usina seja exigente e oneroso, no geral, a energia da água, a médio e longo prazo, é a mais econômica em absoluto. O custo total da energia por quilowatt/hora varia entre um máximo de 21 centavos de euro para pequenas centrais, e de 7 centavos para as grandes, até um mínimo de apenas 3 centavos, ou até mesmo 2, quando a potência da central ultrapassa os 20 megawatts. Na grande maioria dos casos, entretanto, varia entre 4 e 10 centavos de euro por quilowatt/hora.

Uma central hidrelétrica produz impacto para o meio ambiente?

As centrais movidas a água levantam questões de sustentabilidade para o meio ambiente, a paisagem, a vida dos peixes e o equilíbrio dos ecossistemas. Antes mesmo das melhorias em termos de eficiência, a direção na qual estamos procedendo é justamente a de reduzir todas as tipologias de impacto, encontrando estratégias para aproveitar a água sem danificar quem na água vive ou da água depende. A gestão das bacias pode atenuar o efeito dos eventos climáticos adversos, favorecer o crescimento da vegetação e das lavouras e ainda, nos períodos oportunos, a água pode ser levada a fluir para garantir a natural integridade biológica e a passagem dos peixes, através do chamado DMV, defluxo mínimo vital de água, ou através das assim dita “escadas para peixes”, que permite de subir e descer a corrente do rio. No passado, questionava-se se a hidrelétrica pudesse realmente ser considerada uma energia totalmente verde, já que os resíduos orgânicos que se decompõem nos reservatórios de acumulação da água podem ser fonte de metano. Tese desafiada por uma série de análises técnico-científicas segundo as quais trata-se de emissões quase insignificantes se comparadas às dos combustíveis fósseis, sendo que nas centrais mais modernas estas emissões são totalmente insignificantes.

As usinas hidrelétricas têm um impacto para a saúde?

Nunca foi feito um estudo médico-científico, submetido a peer review, que associasse a presença de centrais hidrelétricas a efeitos negativos para a saúde. Pelo contrário, a transição para a energia renovável à qual a hidrelétrica contribui, evitará emissões adicionais de gases de efeito estufa que alteram o clima e outros poluentes atmosféricos relacionados a problemas de saúde pública, bem como reduzirá o consumo de água frequentemente necessário para o funcionamento das centrais elétricas movidas a combustíveis fósseis.

Perguntas sobre a energia hidrelétrica

Perguntas frequentes sobre energia hidrelétrica

Há séculos, a energia da água promove o desenvolvimento econômico das comunidades. E não só: as centrais hidrelétricas também são uma forma de evitar inundações e recuperar áreas pantanosas. Hoje, mais de 55% da energia verde mundial é gerada por usinas hidrelétricas. Aqui estão todas as respostas às suas curiosidades sobre esta fonte renovável.

Link copied to clipboard

FAQ

{{ currentMenugamenu.label }}

{{ currentSubMenugamenu.label }}

{{ card.title }}

{{ currentSubMenugamenu.numbers.title }}

Perguntas frequentes sobre energia hidrelétrica

Perguntas frequentes sobre energia hidrelétrica

A energia hidrelétrica ajuda a combater a mudança climática?

Os investimentos em tecnologia hidrelétrica estão aumentando?

A hidrelétrica ajuda as economias rurais?

A energia hidrelétrica cria novos empregos?

Quais são as vantagens criadas no território por uma usina hidrelétrica?

Há energia hidrelétrica suficiente para todos?

A energia hidrelétrica depende da disponibilidade de água: é um problema?

A energia hidrelétrica recebe incentivos energéticos?

Quanto tempo leva para uma usina hidrelétrica compensar o CO2 emitido durante sua realizaçã0?

Qual é a vida média de uma usina hidrelétrica?

Nas centrais hidrelétricas os materiais são reciclados?

Quanto tempo leva para recupera o investimento inicial?

A hidrelétrica é conveniente?

Uma central hidrelétrica produz impacto para o meio ambiente?

As usinas hidrelétricas têm um impacto para a saúde?